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Venda de ingressos por pessoas que não são funcionários oficiais também acontece em Portugal, nas partidas do Futebol Clube do Porto e abordagem dos “vendedores” chega a assustar

Venda de ingressos por cambistas também acontece nos jogos do FC Porto, em Portugal (Foto: Thiago Henrique)


A briga pela liderança do Campeonato Português poderia ser comparada a uma etapa da Fórmula 1. Niki Lauda e James Hunt, talvez, não protagonizassem disputa tão eletrizante quanto Benfica e Porto travam durante a atual temporada do esporte bretão. E, para conseguir alcançar a primeira colocação do campeonato português, o Futebol Clube do Porto tenta contar com o apoio total de seu torcedor quando sedia as suas partidas no Estádio do Dragão.

Apesar da oscilação no número de adeptos durante as últimas cinco rodadas –o clube contou com uma média de público de 37,5 mil pessoas no Estádio do Dragão neste período –, algumas pessoas apelam na busca por mais torcedores para as partidas em Porto. No último jogo do clube pela competição diante do seu torcedor, contra o Nacional da Ilha da Madeira no sábado, 5, três pessoas vendiam ingressos em frente a bilheteria do estádio próximo a saída do metrô. O caso aconteceu com este repórter por volta das 13 horas do sábado, cinco horas antes do início da partida válida pela 24ª rodada do Campeonato Português.

Nestas horas que precediam a goleada de 7 a 0 do time da casa, os indivíduos estavam localizados nas proximidades do portão 19 em frente ao ponto oficial de venda, oferecendo bilhetes a qualquer um que passasse. Todos estavam com vestimentas que continham o emblema do clube e ao chegar à bilheteria, um deles ofereceu um ingresso – sem mencionar o valor – e ao receber o primeiro não, insistiu ao questionar se o bilhete era apenas para o repórter. Ao receber o segundo não, desistiu e se afastou. A abordagem dos “vendedores” chega a assustar, pois os indivíduos estavam a poucos metros dos próprios funcionários contratados pelo clube, que agiam com certa naturalidade com a situação, ao não fazerem nada. Praticamente como se não estivessem ali.

Restando três horas para o início do embate entre as equipes, mais uma pessoa com as cores do clube vendia ingresso clandestinamente em frente ao estádio do Dragão. Desta vez, o cambista abordava as pessoas logo na saída do metrô em direção ao estádio.

Mas o problema aparenta ser maior do que se imagina, já que, ao descrever o ocorrido cinco horas para uma dupla de policiais, os oficiais prontamente afirmaram que estas pessoas deveriam ser integrantes do radical torcida organizada Super Dragões, do próprio Porto.

Após várias tentativas de contato com representantes do Futebol Clube do Porto, o departamento de comunicação clube se limitou a dizer em nota que “o FC Porto não faz venda ilegal de bilhetes nem tem conhecimento de que alguém o faça”. Contudo, ao questionar se o clube fornece bilhetes para este grupo de adeptos ou se eles compram como qualquer torcedor “comum”, o departamento de comunicação afirmou que “o clube vende os bilhetes a um preço especial, de que beneficiam os grupos organizados de adeptos”. Em outras palavras, os integrantes da Super Dragão revendem os ingressos que conseguem a um preço mais baixo.

Os policiais que realizavam a segurança no dia do jogo ainda relataram que a prática ilegal não é comum apenas nas terras lusitanas, mas em toda a Europa. No entanto, para que haja algum tipo de apreensão, os oficiais da lei afirmaram que são necessárias duas opções: que eles vejam o ato da venda ou recebam alguma denúncia durante a escolta do jogo. Na tentativa de diminuir a venda ilegal a polícia portuguesa colocou oficiais à paisana infiltrados na população “comum”, para tentar apreender os vendedores clandestinos.

A venda pode não significar um rombo nas finanças do Porto, mas mesmo assim, o ato dos “torcedores”, acaba prejudicando a agremiação, afinal, quem deixa de faturar é o próprio Futebol Clube do Porto, além de comprovar que o submundo existe também no primeiro mundo. Não precisa nem de uma lanterna para enxergar...


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