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A oposição que representa

Em entrevista, Axel Mariotto, coordenador geral da chapa 1 em Frederico Westphalen, falou sobre as propostas do grupo que aposta no formato multicampi para cativar os acadêmicos da UFSM


A eleição para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está dividindo os acadêmicos que terão a oportunidade de escolher entre três chapas neste ano: Chapa 1 - Representa, Chapa 2 - Lado a lado e Chapa 3 - Libertas. Após perder uma hegemonia de 30 anos, na eleição do ano passado, a chapa 1 tentará, no dia 7, superar a gestão atual, Libertas.

O coordenador geral da chapa 1 em Frederico Westphalen, Axel Mariotto, acadêmico do curso de agronomia, de 24 anos, conversou com a reportagem da Agência da Hora sobre os objetivos do seu grupo mediante ao Campus de Frederico Westphalen. A Representa conta com 21 estudantes do Campus de Frederico Westphalen na nominata.

Porém, neste ano a chapa 1 vive um momento diferente dos outros, pelo fato de ser, depois de muito tempo, oposição. Em 2016, a Libertas venceu com 2057 votos, a chapa 1, que na época tinha o nome de "É Preciso ter Coragem", que obteve 1481 votos, enquanto a chapa 2 "Nós por Nós", tivera 1034 votos. O total de votantes foi de 4617, sendo que a UFSM possui quase 30 mil alunos. Será que os acadêmicos estão realmente preocupados com as eleições do DCE? Quem falou sobre isso e as propostas da chapa 1 para o campus de Frederico Westphalen, abrindo a série de entrevistas com os candidatos ao Diretório Central dos Estudantes, fora o estudante de agronomia, Axel Mariotto, candidato a coordenador geral.

Axel Mariotto, um dos coordenadores gerais da chapa 1 - Representa, conversou com a Agência da Hora sobre o pleito do dia dia 7 deste mês (Foto: Guilherme de Vargas)

Quais são as principais propostas da chapa 1 para o Campus de Frederico Westphalen? Axel: Queremos garantir a permanência da assistência estudantil, pelo cenário que estamos vivendo de cortes e, por isso, queremos sempre manter a assistência e manter o auxílio moradia, já que muitas pessoas recebem esse auxílio e com a atual conjuntura de cortes, eles podem se esgotar. Então, a gente pauta ter a voz e, realmente, lutar para que esse auxílio não seja cortado. Outra pauta é a acessibilidade ao RU (Restaurante Universitário), que a gente sabe que a construção de um RU é impossível em imediato, em questão de um, dois anos é bem impossível, mas o que é mais palpável é, realmente, a acessibilidade. Tem muito barro no acesso e é preciso cimentar e pavilhar para o estudante ter acesso. Tem a questão da iluminação, que já é uma dificuldade. Por exemplo: eu moro na CEU (Casa do Estudante Universitário) e eu sei que é complicado ali, de noite. Depois do novo bloquinho, ali você não enxerga nada à noite. Você tem que ir sempre com uma lanterna, inclusive do celular. São questões que sempre são pautadas visando até o transporte, que a gente sabe que a dificuldade é com a prefeitura, que também estamos cobrando. E essa já é uma pauta que a nossa chapa sempre coloca: o transporte público, que se for de qualidade, aí, o estudante vai ser beneficiado, porque, também, as rotas serão aumentadas e o preço. Só que o estudante tem o direito de pagar meia passagem no transporte público. Se, por exemplo, a passagem for R$ 3,50, o estudante tem o direito de pagar R$ 1,75, o que comparado a hoje já é R$ 0,25 mais barato. Então, a viabilidade de ter transporte público em Frederico Westphalen, que não vai ser só para nós, estudantes, mas para comunidade de Frederico Westphalen, também. E, assim, abrangendo mais rotas, já que no centro tem os aluguéis muito caros e a galera vai conseguir achar lugares mais acessíveis, o que pode baratear o custo de vida do aluno. Acho que essas são as principais pautas da chapa, que vai estar realmente cobrando a direção do Campus de Frederico, porque no ano passado a gente recebeu nas nossas salas os diretores que estavam concorrendo com propostas e tudo mais. E, com a Falta de um DCE em Frederico, a gente não têm nem ligação, nem diálogo com o diretor. Precisamos cobrar o que foi proposto no ano passado para nós.

Qual é a importância de ter uma chapa multicampi? Axel: A importância a gente vê comparado ao ano passado, que não teve nenhum representante aqui em Frederico e as demandas daqui não chegavam em Santa Maria. Meio que tinha um rompimento, uma falta de informação lá para Santa Maria. Então, por ter uma chapa multicampi é um exemplo nas cadeiras do conselho do DCE que quem tem que indicar os alunos para essa cadeira é o DCE e aqui, em Frederico, não teve essa indicação. Então, os alunos não foram representados, nem em conselhos de centro, no caso em conselhos de campus. Então, a importância de ter, também, uma chapa multicampi é estar em contato sempre um com o outro: Santa Maria, Frederico, Cachoeira e Palmeira das Missões. Então, tendo esse diálogo, esse trabalho horizontal, que também é uma pauta da nossa chapa. Assim, vamos estar sempre sabendo o que acontece em Santa Maria, Frederico, Palmeira e Cachoeira. Tendo esse diálogo entre todos da chapa.

Quantos representantes a chapa possui em Frederico Westphalen? Axel: Temos 21 representantes na nominata, mais os apoiadores por fora.

Qual é a principal crítica que vocês fazem à gestão atual "Libertas"? Axel: A falta de não ter ninguém aqui, os estudantes não terem alguém para recorrer. A gente não se sentiu representado. O DCE não nos representou nessa gestão. Não representou nenhum aluno. A falta de alguém do DCE foi muito falho para Frederico, foi muito ruim. Não teve reunião e pautas com os Diretórios Acadêmicos (DAS). Então, acho que houve uma falha muito grave aqui em Frederico.

Se a chapa 2 vencer, também não terá representantes em Frederico Westphalen, vocês continuarão a mesma luta? Axel: Se a chapa 2 vencer vai continuar a mesma luta. Ainda que a Libertas meio que aprendeu, mas não aprendeu tanto porque colocou apenas um representante e é uma pessoa que recém chegou aqui em Frederico, que é um calouro de jornalismo e, muitas vezes, ele não sabe todo histórico de luta que já aconteceu aqui em Frederico. Claro que ele pode estar procurando saber, mas isso sobrecarrega uma pessoa só. E não ter ninguém é pior ainda. Vai ser como foi no ano passado. Não vai ter ninguém aqui presente. Só se eles se disporem vir aqui uma vez por semana, mas é algo que a gente vê que não acontece porque a chapa 2 só chega aqui em época de eleição.

Quais são as principais reivindicações junto à Reitoria? Axel: Se tivesse um DCE aqui em Frederico, a Reitoria seria mais cobrada. A falta de um DCE acaba prejudicando porque lá em Santa Maria eles não sabem das demandas de Frederico, de estar cobrando o reitor lá. Em gestões anteriores que não essa, teve gente que ocupou a Reitoria porque, no caso, a CEU daqui de Frederico, que foi construída, não estava aberta para os estudantes. Então, em sincronia, a CEU aqui foi ocupada e a reitoria estava sendo ocupada por demandas de Santa Maria, o que foi favorável para os dois campus e contribuiu para os alunos.

Quais serão as demandas para o transporte coletivo? Axel: O transporte não é público e é exclusivo dos estudantes, a pauta é que ele se torne público. Já tivemos estudantes tendo que descer do ônibus para subir uma ladeira. Isso é algo catastrófico. Imagina se acontece um acidente, e isso aconteceu ali na rodovia, perto da JBS. Então, o que o transporte alega é que eles estão dentro dos direitos deles e isso precisa ser revisto, com certeza. Só que essa falta de representatividade também faz com que a prefeitura não seja cobrada, até porque o transporte coletivo foi pauta dos três candidatos à prefeitura. Hoje, um prefeito ganhou e ninguém está cobrando. Temos que cobrar os vereadores e a prefeitura para ter uma demanda maior de ônibus rodando, porque são três, e se fosse um a mais, acho que não seria necessário aluno descer para o ônibus subir. Isso precisa ser revisto em função do licenciamento. A prefeitura alega que só tem uma empresa e é ela que sempre tem o licenciamento e, às vezes, o licenciamento acaba sendo de 5,10,15 anos e é algo que não é muito bom para os estudantes e a empresa sempre vai visar o lucro dela. Sempre vai ser o lucro da empresa, nunca vai ser a qualidade para o estudante.

Vocês pararam pensar no motivo que a chapa 1, no ano passado "É Preciso ter Coragem", foi derrotada pela Libertas? Axel: Os estudantes queriam algo diferente. A chapa 2 também não ganhou no ano passado, porque poderia ter sido muito bem a chapa 2. Mas a vitória da Libertas não foi por muitos votos também. Aqui em Frederico nós fomos os mais votados. Acho que tem que ser revista a porcentagem da eleição do DCE. Então, acho que isso faz muita diferença.

A chapa de vocês tem alguma ideologia? Qual é?

Axel: Isso é algo que é pautado na chapa 3 e eles nos atacam em questão disso e nos chamam de "chapa do PT", especificamente. Mas nossa chapa tem, sim, integrantes filiados ao PT, com certeza. Mas não todos. E isso cabe à liberdade de cada um de estar fazendo parte de um partido ou não. Mas, a chapa em si, ela não leva bandeira de um partido. Ela leva a bandeira dos estudantes, mas nada impede que nossos integrantes sejam ligados a partidos e de terem um diálogo com os partidos, seja qual for o tipo que tem aqui na prefeitura, no governo do Rio Grande do Sul ou na Presidência da República.

A chapa é de esquerda? Axel: Ela é de esquerda. Mais de esquerda.

Vocês aceitariam dialogar com alguém de direita? Com certeza, por que não?

Se vocês forem eleitos, o DCE vai fazer campanha para algum partido de esquerda, durante as eleições do ano que vem? Axel: O DCE não vai fazer campanha para ninguém. Agora, os estudantes podem fazer, porque a gente têm essa liberdade. Isso foi conquistado. Muita gente morreu para termos essa liberdade.

Vocês abordam temas como feminismo, movimento negro e LGBT e, recentemente, manifestaram-se contra PEC 55. Vocês acham que os estudantes se intessam por isso? Axel: Em geral, eu acho que não. O por quê? Porque eu acho que a nossa educação, aqui no Brasil, ela não pauta isso. A educação aqui nos faz cegos. Claro que isso não acontece com todos os estudantes. Mas a gente no ensino médio não vêm com uma cabeça que é voltada à liberdade. E, sim, que a gente têm que trabalhar, têm que comprar um carro, comprar uma casa e não para que a gente seja igual. E sim que a gente têm que trabalhar, temos que ser os melhores, temos que ganhar dinheiro, tudo sempre em torno do capital. Então, acho que isso acaba mudando o foco de cada um. Claro que não estou falando que é errado isso. Por isso que as eleições do DCE não têm 100% de voto.

Alguma proposta de vocês não é irreal, a nível de Reitoria? Axel: Tudo que a gente colocou aqui, talvez a gente consiga, e vamos lutar pelas nossas propostas. Mas algo que foi colocado no debate e que no debate eu respondi em relação à construção de um RU aqui em Frederico. Mas em momento algum nós falamos que vai ser construído um RU aqui e, sim, a melhoria do que já existe e a acessibilidade do que já existe.

Sobre o Restaurante Universitário (RU): você não acha que, com a gratuidade, embora o aumento dos preços ainda não tenha acontecido, os justos não pagarão pelos pecadores, se esses preços aumentarem? Axel: Algo que a gente bate e reafirma aqui é que a nossa luta é por todos. Claro que não vai ser justo alguém pagar mais. Por isso que a nossa luta vai ser para que esse preço continue. A nossa luta é por todos, seja branco, negro, indígena, LGBT, enfim, a nossa luta é por todos.



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