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O lento abate da JBS-FW

Equipe de reportagem da Agência Da Hora fez um levantamento sobre o número de demissões realizadas pela JBS de Frederico Westphalen e conversou com autoridades para saber sobre a possibilidade de fechamento da unidade frederiquense da empresa

Em um ano, unidade da JBS de FW demitiu 288 funcionários (Foto: Reuters)


A unidade da JBS de Frederico Westphalen passa por um dos momentos mais críticos de sua história. Desde março de 2017, os abates diários de suínos diminuíram consideravelmente. Nestes seis meses, o abate foi de 2 mil, para 1,6 mil e além disso, o setor de industrializados - responsável pela produção de salame, bacon, mortadela, linguiça, entre outros produtos - fechou, o que gerou a demissão da maioria dos funcionários que trabalhavam nesse setor. A soma das três últimas levas de demissões, resulta em um total de 288 desempregados.


Carla, nome fictício atribuído a uma ex-funcionária do setor de garantia e de qualidade que preferiu não se identificar, relata que o motivo de sua demissão foi o momento ruim que a empresa enfrenta e o consequente corte de gastos. “A empresa não estava em uma situação muito boa e eles precisavam reduzir pessoas. O fato do [meu] salário ser um dos mais altos, dentro do quadro em que eu trabalhava, também colaborou com a minha demissão”, conta a ex-funcionária.


De acordo com Carla, a empresa investiu até certo ponto, na tentativa de reaver principalmente o número alto de abater diários, mas, por falta de retorno financeiro, esse investimento foi cessado. “Precisa não só do investimento da empresa, mas os esforços das pessoas que estão ali, uma mudança de pensamento, de cultura”, salientou.


Segundo Carla, algumas demissões são oriundas de um setor que está interditado devido a uma inadequação do projeto aos padrões atuais do Regulamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (RISPOA). De acordo com Paulo Lima, secretário de Indústria e Comércio de Frederico Westphalen, para corrigir tal problema, é necessária uma reforma de adequação a esta infraestrutura, que tem previsão de ser concluída em dezembro. Com isso, o secretário acredita que haverá a volta de alguns produtos, como bacon, e que, a partir disso a empresa realizará recontratações.


O Secretário de Indústria e Comércio ainda relata que a administração municipal possui uma relação muito próxima com a JBS e tem prestado todo apoio, no que se refere a responsabilidade do município, à empresa. “A prefeitura atualmente tem colocado toda a infraestrutura da Secretaria de Obras e da Secretaria de Agricultura, para que seja sanado qualquer tipo de problema dentro da planta da JBS”, explicou Lima.


De acordo com dados retirados do acervo do Jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen, em 16 de julho de 2016, a JBS contava com um quadro de 940 funcionários, sendo que destes, 750 pertenciam à produção. Nesse mesmo período a empresa processava em cinco dias da semana de 75 a 80 toneladas de embutidos por dia. A partir da metade de 2017, esse número de funcionários começou a cair drasticamente. Foram 130 demissões no dia 19 de julho, 110 no dia 22 de julho e mais 48 no dia 19 de agosto, contabilizando um total de 288 demissões.


Procurada pela equipe reportagem, a JBS limitou-se a emitir uma nota por meio de sua assessoria de imprensa. “A JBS informa que a unidade de Frederico Westphalen (RS) continua operando em ritmo normal. A companhia esclarece que os volumes produzidos permanecem em linha com seu plano de negócios e que não há previsão de encerramento das atividades da planta”, esclarece a nota.


A empresa possui uma importância fundamental para o município, já que ela é quem movimenta um dos três pilares do PIB de Frederico Westphalen, o setor de Serviços. Aos que continuam trabalhando na empresa, fica a dúvida se de fato a empresa continuará atuando a todo vapor, ou se fechará as portas. Mas isso, só o tempo dirá.


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