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A neta de Deus em Frederico | Crônica

  • Wellington Felipe Hack
  • 9 de out. de 2017
  • 3 min de leitura

Depois que todos os mares forem navegados. Depois que grandes capitães e engenheiros tiverem concluído seus trabalhos. Depois dos nobres inventores – dos cientistas, químicos, geólogos, etnólogos. Finalmente há de vir o poeta, digno de tal alcunha. A verdadeira neta de Deus há de vir, entoando suas canções e demonstrando seus passos. Essa neta é a Arte, que aportou em Frederico, trazendo a cultura dos povos pela dança.


O menino que há pouco chorava, sorriu. A poetisa Ucraniano-brasileira diz que é o Arco-íris. Mas nos olhares de jovens, adultos e crianças o sorriso era pela dança do maior país totalmente europeu. Homens demonstram todas as habilidades em suas pernas. Mulheres brilham com leves gestos de suas mãos. Assim a dança revela: seja forte e delicado cultivando sua cultura.



Canta Dante no Inferno: “a arte sendo filha do Homem é neta de Deus. E assim com diz o Gêneses, cabe ao homem tirar da Natureza e de sua Arte

os meios para a sua sobrevivência.” Pelos pés das mulheres da Sibéria, a sobrevivência resiste. A dança de mãos dadas busca aquecer o branco da neve. A dança leve e com calmos movimentos, faz com que a dureza de viver no extremo da terra seja amenizado.


E se as velas iluminam o caminho de Caronte, o barqueiro de Hades, ela também pode iluminar os vivos e simbolizar a fertilidade. Na cabeça da bailarina, na dança sensual do amor, o brilho orienta os homens e demonstra a graciosidade da dama árabe. O fogo não se apaga nos passo, assim como o amor não acaba no escuro.




A lua que brilha é a protetora da fertilidade, ou para os tupis, Jaci. Os nativos da América do Sul cultivaram sua língua no Paraguai. E se Galopeira fez sucesso na voz de Donizeti, Perla e Chitãozinho e Chororó, ela também vira dança. Dança da fertilidade da mulher Paraguaia, que envolve o público e que recria a história do pequeno país central do sul da América. O trabalho dá espaço à diversão, a cultura ao amor e o palco ao público.

O homem russo carrega a espada, a mulher o manto branco, e o filosofo busca a cura pela alma nas crianças. De norte a sul, a dança encanta a cultura do maior país do mundo. Do povo guerreiro do sul, vem à história da Rainha Catarina II. Brava mulher russa! Os gritos, os pulos, as vibrações. O país guerreiro demonstra, afirma, exemplifica: sem cultura, não há povo, não há alegria. Sem cultura, o povo guerreiro teria sido esquecido pela alienação de quem é privado da Arte.




Dos bordéis, das brigas, da vida noturna. O escritor argentino busca explicar porque não se amam os amantes, enquanto na boemia a dança se cria e afirma-se como a cultura do país latino-americano. No tango, a leveza da mulher torna-se sobre humana. O homem carrega o medo de ser encontrado, enquanto a mulher revela-se como a Dama da Noite.




E que pasmem os que não conhecem a cultura, que se autoprivam dela ou que desmerecem e criticam a arte. Na pequena ilha misteriosa, o homem se afirma na dança. Mas não é pela força, nem pelo poder de sua voz. É pelo seu rebolado. Nativos dançam para conquistar suas damas, em um lugar onde o preconceito não é visto na arte. E que lamente Neruda: nós, os de então, não somos mais os mesmos. E a dança do amor, se fosse nos dias atuais, seria censurada por pudor.



E assim, poetas, músicas e bailarinos, todos no mesmo barco. Todos na viagem do tempo e espaço. Na loucura da terra que gira sem parar, e sem ter onde chegar. E assim a Praça da Matriz de Frederico Westphalen recebeu, na noite de domingo, 08, as Nações. Os movimentos do mundo, nas danças do grupo Gemp. E assim, segue a arte, que como espalhava o Louco de Assis: a arte é a língua de Deus que todo o homem entende.




Textos bases: A Divina Comédia (Dante Alighieri); Hai Kais de Helena Kolody; Folhas da Relva (Walt Whitman); filosofia de Dostoevskij; Pablo Nerruda; Julio Cortázar; Mitologia Tupi e Grega.


 
 
 
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