Feira orgânica e ciclo de palestras chamam atenção para alimentação saudável
Evento foi promovido por projeto de extensão da UFSM-FW, Fiat Panis, e agricultores de produção orgânica e familiar do município
Representante do COOPRAFF, Evandro Antonelo, expõe alimentos saudáveis à comunidade frederiquense.
Foto: Mathias Lengert
“Não adianta dizer ‘você precisa comer comida mais saudável’ se a pessoa não encontra”. É a partir dessa preocupação com o acesso à uma alimentação mais saudável que o professor da Universidade Federal de Santa Maria Campus Frederico Westphalen (UFSM-FW), Oscar Augustín Torres Figueredo, reuniu esforços para, por meio do projeto de extensão Fiat Panis e de agricultores orgânicos e familiares do município, promover o I Ciclo de Palestras e Feira de Produtos Agroecológicos em Frederico. O evento, realizado na tarde de sexta-feira (05), no auditório do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR), contou com palestras de professores da UFSM.
As atividades promovidas em alusão ao Dia Mundial da Conscientização sobre a Saúde – comemorada dia 7 de abril – envolvem palestras sobre práticas alimentares saudáveis. A primeira palestra foi ministrada pela professora do Departamento de Alimentos e Nutrição da UFSM campus Palmeira das Missões, Vanessa Ramos Kirsten, que abordou a ligação de uma alimentação não saudável com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. A professora trouxe informações sobre o perigo de alimentos ultra processados e das propagandas abusivas da indústria alimentícia, incentivando, como resposta, uma alimentação mais saudável. “Vamos voltar a cozinhar?”, provocou a docente ao fim de sua fala.
Na segunda palestra, o professor do Departamento de Engenharia Ambiental da UFSM-FW, Igor Senger, discutiu a alimentação e sua relação com a saúde. Para o professor, os caminhos para a adoção de uma dieta saudável passam por políticas públicas e pela popularização de circuitos curtos de comercialização, nos quais o agricultor comercializa diretamente com o consumidor, eliminando os custos com distribuição e transporte.
Ciclo de Palestras discutiu as vantagens de uma alimentação saudável e a atuação da agricultura no processo. Foto: Mathias Lengert
Em paralelo ao ciclo de palestras, a Associação de Produtores Orgânicos Barril de Frederico Westphalen expôs no local uma diversidade de alimentos produzidos a partir da ciência agroecológica. São alimentos produzidos por quatro agricultores que, desde dezembro de 2017, aboliram o uso de agrotóxicos em sua produção, implantando um manejo sustentável da terra.
Para Adilse de Fátima, produtora orgânica associada, a feira orgânica é uma oportunidade de divulgar seus produtos. “Você precisa dar a cara a bater, para dizer para as pessoas que o produto é muito bom, e que as pessoas tenham fé que você está fazendo algo para a saúde, para mim que sou produtora, e para aquela pessoa para quem estou oferecendo meu produto”, destaca . O processo de certificação de produção orgânica é delicado, afirma o professor Figueredo, envolvendo um período de 18 meses para comprovação do desuso de agrotóxicos e do manejo correto das culturas, comprovado a partir de reuniões de planejamento e o monitoramento da produção.
Além da Associação de Produtores Orgânicos, a Cooperativa dos Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Frederico Westphalen (COOPRAFF) também esteve no evento, vendendo produtos advindos de agroindústrias familiares do município. Para o associado Evandro Antonelo, que expôs os produtos, o evento incentiva a população a conhecer alimentos produzidos seguindo normas de higiene e segurança alimentar da Anvisa e Ministério da Agricultura, e incentiva o trabalho do homem do campo.
Figueredo acredita que o evento vai ao encontro de uma forte demanda na região do Médio Alto Uruguai por alimentação mais saudável. “Hoje virou um status cuidar da saúde, né?”, lembra o professor, que indica que há uma necessidade pela expansão de agricultores vinculados à produção orgânica. Para isso, o projeto trabalha em conjunto com entidadades frederiquenses, como a Emater e o STR.
“A academia está interessada”
Animado com o andamento do projeto de extensão, o professor de engenharia observa um interesse das Universidades com ações agroecológicas. Razões não faltam: em estudo recente, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) revelou que houve um crescimento de 300% de agricultores orgânicos entre 2012 e 2019.
Com a ação desenvolvida na tarde desse dia 15 no STR, “a universidade cumpre seu papel de extensão, de levar à comunidade externa a possibilidade de encontrar aquele que produz e que não tem como vender, e aquele que quer comprar e não sabe onde encontrar”, afirma o professor Oscar. Já para o aluno de Engenharia Florestal e extensionista do projeto, Thiago Menartowicz, a saída da universidade em direção à comunidade externa e a transmissão para o meio rural das vantagens da alimentação saudável são importantes aspectos do projeto.
Caixotes com produtos orgânicos da Associação Barril mostram diversidade de produção do grupo. Foto: Mathias Lengert