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“Não pode jogar! Se jogar vai virar menino”

De Seberi para a Itália: desafios e vitorias de Morgana Schubert no futebol


 Morgana uma grande torcedor do Grêmio. Foto: Arquivo pessoal 


A maioria das meninas que tentaram se inserir no mundo do futebol, já ouviram essa frase preconceituosa, pelo menos uma vez. Mas isso não é de hoje, já que o futebol feminino foi crime no Brasil por 40 anos. Em 1941, quando o presidente da época, Getúlio Vargas estabeleceu um decreto que proibia a mulher de se envolver com a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza.

Foi em 1921, que ocorreu a primeira partida de futebol feminino no Brasil. O jogo foi entre meninas dos bairros Tremembé e Cantareira, em São Paulo. Foi em 1988 que a primeira seleção Brasileira de futebol feminino foi convocada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a qual venceu o Women’s Cup of Spain. O primeiro título internacional da seleção veio com as vitórias sobre as seleções de Portugal, França e Espanha.

O preconceito da sociedade, as dificuldades de ser jogadora e a falta de oportunidades no futebol feminino se intensifica quando você mora no interior de um estado, que por sua tradição é extremamente machista. Diante disso, fomos conversar com a jovem seberiense de 25 anos Morgana Schubert, que está em preparação para passar uma temporada na Europa.

Morgana, como tantas outras que sonharam em ser jogadoras profissionais, sofreu preconceito por ser menina e ter a paixão em jogar futebol, por uma sociedade que vê o esporte somente para meninos. Mas a jogadora sempre encontrou apoio e incentivo da família, que acreditou em seu sonho.


“Desde muito pequena esse sempre foi meu propósito, meu sonho de um dia ser jogadora profissional. Sobre o preconceito já sofri sim. Muitas vezes por ser menina e falaram: ‘ah não pode jogar! Se jogar vai virar menino’. Mas meu apoio familiar, graça a Deus, sempre foi muito bom. Sempre tive desde quando comecei a jogar em escolinha, me levando pra cima e pra baixo e sempre me dando todo o suporte. Sempre foram a minha base pra mim está onde estou hoje, agradeço muito a eles”, relata Morgana.


Durante a caminhada profissional é normal nos inspirarmos em algum ídolo que nos traz referência. Para a jovem, sua referência sempre foi o ex-jogador gremista e da seleção brasileira, o fenômeno Ronaldinho Gaúcho, como também, para qualquer menina no futebol feminino, a hexacampeã melhor do mundo, Marta.

 Morgana está desde criança se dedicando ao futebol. Foto: Arquivo pessoal  


“Minha referência de jogador profissional, na verdade sempre foi Ronaldinho Gaúcho, sempre tive ele como inspiração nesse mundo do futebol. E também, Marta por toda a história dela, por tudo que ela faz até hoje por nossa modalidade no Brasil e no mundo”, confessa.

Como seus ídolos, Morgana iniciou sua carreira muito cedo, jogando em escolinha com 8 anos e aos 14 anos em times do Paraná. Jogou ainda, temporadas em times de grandes nomes no cenário futebolista de São Paulo, mas seu maior sonho era igual ao do seu ídolo: jogar na Europa.

Morgana se prepara para em junho conhecer o time que irá jogar no sul da Itália. A jogadora deve passar uma temporada na Europa, que inicia em setembro deste ano e termina em junho de 2020.


“As expectativas são as melhores, espero chegar lá e me adaptar o mais rápido possível dentro e fora das quadras e fazer um belo trabalho, nessa nova etapa da minha vida. As dificuldades sempre vão existi, mas o mais difícil disso tudo com certeza é fica longe da família e dos amigos e também perde algumas partes da vida das pessoas que amamos. Mas a gente sabe que está realizando um sonho, então passamos pelas dificuldades por saber que chagaremos ainda mais longe em busca dos nossos sonhos”, comenta a jogadora.

A expectativa é porque são três equipes que estão negociando para receber a jogadora. Morgana deve conhecer, para qual time irá jogar, ainda na primeira quinzena de junho. Mas tudo indica que a atleta irá jogar no Stone Five Fasano, da Itália.

“A temporada lá começa em setembro e acaba em junho, então passarei esse período lá. Ainda falta uns detalhes, mas espero viajar logo e chegar lá e já treinar e conhecer todo mundo e fazer uma boa temporada com todas as companheiras de equipe. Quero aproveitar o espaço e dizer para as meninas, que nunca desistam de seus sonhos.Corram atrás e se vocês têm um sonho vão até o final, que com certeza, no fim sempre vai valer muito a pena todo o esforço, todo o sacrifício. Mas desistir, isso nunca pode acontecer. Se tu tens um sonho, um propósito lute por ele. Vale muito a pena, lutar pelos sonhos que a gente tem, ainda mais aqueles que carregamos desde criança, por que é muito gratificante tu passar por muitas coisas e no final dar certo. E nesse mundo da bola que não é fácil ainda mais no feminino! A cada ano a gente está ganhando mais espaço, cada vez mais visibilidade e isso é muito gratificante pra nossa modalidade que está crescendo a cada. É mais um passo dado pra realização de sonhos de muitas meninas, que desejam seguir o caminho do futebol”, pondera Morgana.

Entretanto, apesar das conquistas, o futebol feminino ainda precisa superar muito preconceito para ser valorizado. Muitas meninas brasileiras acabam buscando oportunidades no exterior, pelo grande crescimento dos campeonatos e a visibilidade da imprensa europeia, como por exemplo a maior competição feminina de clubes da Europa e do Mundo que é a Liga dos Campões. Em 2015 quando a liga foi transmitida pela TV europeia, tiveram uma audiência de 3,52 milhões de telespectadores, um crescimento de 92% em relação a 2013-2016. Já no país do futebol, o Brasil irá transmitir uma partida de futebol feminino somente em olimpíadas, como foi nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.



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