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Os entraves da realização do ENEM: o que pensam estudantes e profissionais da educação

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é realizado desde 1998 com objetivo de ajudar alunos a ingressar em uma universidade pública. O ano de 2020, até o momento está marcado por uma pandemia mundial do novo coronavírus, ainda sem cura, medicamento ou vacina que possa atuar no combate à doença. A realização do ENEM 2020 tem sido um impasse para ser resolvido pelo Ministério da Educação (MEC). O governo Federal recomendou que fosse feito isolamento social em março deste ano após o decreto da Organização Mundial da Saúde, declarando a COVID-19 como pandemia. Com a declaração da OMS, escolas, universidades, cursinhos e afins foram fechados para evitar aglomerações e evitar assim, a contaminação pelo novo vírus; Dessa forma a data de realização do exame está marcada para 1 e 8 de novembro, segundo ministro da educação, Abraham Weintraub, a data não deve ser modificada. “Vai ter ENEM”, afirmou Weintraub em sua rede social Twitter logo no início das inscrições para o exame, 11 de maio. A publicação do titular do MEC gerou muita polêmica e fez com que os usuários do Twitter fizessem uma manifestação com a hashtag: #AdiaEnem.

A vulnerabilidade social de diversos adolescentes brasileiros dificulta o ensino via plataformas digitais, meio adotado pelo ministério da educação para evitar o cancelamento de parte do ano letivo de 2020. Segundo Censo 2019, 42% de estudantes não possuem acesso à internet e 27% não possuem aparelho celular em casa. Assim, a principal fonte de estudos é a escola e o contato com os professores. O professor de Língua Portuguesa, Ernani Hermes, que atua na cidade de Cerro Grande – RS, o adiamento do ENEM é uma questão de equidade. “Os alunos de instituições particulares, que ocupam uma posição social privilegiada, certamente conseguirão se preparar para a prova, com as aulas online, contudo, os alunos afetados pela vulnerabilidade social, provenientes de escolas de periferias, por exemplo, não terão um preparo adequado para o desenvolvimento das habilidades testadas pela avaliação; . Adiar o exame, portanto, é garantir que todos os candidatos terão as condições necessárias para prepararem-se para a prova.” Avalia o professor.

A opinião é compartilhada por Gisele da Rocha, professora da rede pública de ensino que é completamente a favor do adiamento do exame “É necessário considerar, neste panorama, que 42% dos estudantes não têm acesso à internet e ao conteúdo das aulas programadas. É relevante a ressalva que o material disponibilizado via aulas online é convertido e disponibilizado para PDF, entretanto é necessário ressaltar que as fontes de informação são extremamente restritas.” Complementa também a dificuldade de tempo que alguns estudantes direcionam para realização das atividades escolares, pois muitos se envolvem em outros afazeres além das referentes à escola.

A opinião de estudantes que realizarão a prova reforça as dificuldades que ocorrerão caso o ENEM não seja adiado. Vitória Arabites, 22 anos, moradora de Salto do Jacuí. é uma inscrita dentre os mais de 3 milhões, para ela, “deveria ser feito o adiamento sim, devido à desigualdade social, a falta de acesso à internet e debilitação da saúde mental dos alunos que prestarão a prova”. Para Vitória, a situação do distanciamento social dificulta também a realização de grupo de estudos, que considera de suma importância para seu aprendizado. “Quem sabe ajuda quem não sabe e com essa pandem

ia, fica difícil aprender sozinha.”, desabafa a estudante que deseja ingressar em uma universidade, de preferência pública.

Camila Assunção da Costa, que também se inscreveu para realização do exame, afirma que a pandemia tem afetado as pessoas mais vulneráveis economicamente e, sem as aulas presenciais, o acesso à biblioteca fica inviável “O estudante fica perdido pelo fato de querer estudar através de um livro, mas não tem como, pois não tem à disposição a biblioteca das escolas.” A estudante também levou em consideração que as aulas presenciais são também de suma importância para que os alunos consigam tirar suas dúvidas com os professores e afirma que online o aprendizado não é o mesmo.“

O presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou em sua rede social Twitter que o calendário de 2020 não será prorrogado. Se uma nova data da prova for definida ela terá que ser ainda neste ano. Afirma o Presidente. Ao final desta reportagem, ainda no dia de hoje (19), o Senado aprovou um projeto que propõe seguirá para câmara dos deputados para um resultado final. Contra 75 votos a favor e 1 contra o projeto que prorrogaria a data da avaliação sem nova data definida aguardando decisão.


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